
O Instituto de Criminalística (IC) de Ponta Grossa atende 28 municípios da região – alguns distantes 200 quilômetros da sede. Os peritos costumavam ir a todas as ocorrências envolvendo morte violenta – como acidentes com morte ou homicídios –, mas, de uns tempos para cá, a Criminalística só manda os profissionais a municípios que ficam a até 50 quilômetros de Ponta Grossa. Policiais civis e rodoviários das cidades mais longínquas é que acabam realizando o serviço dos peritos.
O diretor do IC de Ponta Grossa, Edson Napoleão, explica que a ordem de não atender situações mais distantes partiu da direção do órgão em Curitiba e está valendo há alguns meses. “Os peritos até vão a locais mais distantes, mas depende muito do caso”, diz.
Segundo Edson, a mudança visa melhorar o serviço em Ponta Grossa. “O problema eram os deslocamentos, que tomavam muito tempo dos peritos”, afirma. De acordo com ele, a equipe do IC é reduzida, o que dificulta o atendimento em toda a região. São sete peritos e quatro viaturas para atender a população dos Campos Gerais – cerca de um milhão de habitantes. Segundo o diretor, os carros estão bastante usados – com 140 mil quilômetros rodados –, o que representa um perigo para os servidores em uma viagem de longa distância.
Para o chefe regional, a determinação não interfere no trabalho de investigação, que deveria ter como base o laudo pericial. “A falta de presença dos peritos não prejudica as investigações porque a polícia faz o levantamento do local e, se houver dúvidas, podemos fazer a análise indireta, posteriormente”, explica.
Por outro lado, não é o que policiais de cidades mais distantes pensam. A reportagem do DCconversou com um policial civil que atua numa das cidades que ficam a mais de 50 quilômetros de Ponta Grossa e que, em tese, faz parte do rol de municípios abrangidos pelo IC. Ele disse que a falta de análise dos peritos compromete sim o trabalho de investigação. “Os policiais fazem apenas um levantamento do local e não um laudo, como os peritos. Os policiais não têm o conhecimento necessário para esse tipo de tarefa. Os peritos são formados para isso”, critica ele, que pediu para não ser identificado.
O policial comenta ainda que pequenos detalhes no local, principalmente em casos de assassinato, podem fazer a diferença. “Além disso, há um déficit muito grande de policiais civis. Ou seja, trabalham sobrecarregados em suas funções próprias e ainda têm de realizar serviços que não são de sua competência”, dispara.
A assessoria da Secretaria de Segurança do Paraná confirmou que a determinação para atender cidades num raio de 50 quilômetros da sede dos Institutos de Criminalística vale para todas as unidades do Estado. “Cada chefe regional avalia os casos que devem ser atendidos. Para situações mais relevantes, os peritos são obrigados a ir”, informa.
De acordo com a Secretaria, o IC está investindo R$ 25 milhões no Paraná e prevê abertura de concurso público para contratação de mais pessoal.
Original em: http://www.diariodoscampos.com.br/
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