Laudo revela falha em duto que prendeu cabelo de menina em ralo de piscina

Piscinas do centro de lazer da Região da Pampulha: tubulação oferecia risco a banhistas, segundo avaliação de peritos
Perícia de engenharia do Instituto de Criminalística da Polícia Civil responsabilizou o Jaraguá Country Club pela morte da menina Mariana Silva Rabelo de Oliveira, de 8 anos, sugada pela tubulação do toboágua de uma das piscinas do centro de lazer da Região da Pampulha, em Belo Horizonte. O laudo pericial apontou erro na instalação do duto de sucção, que no dia do acidente, em 3 de janeiro deste ano, prendeu os cabelos da garota enquanto ela nadava. A informação sobre a falha no equipamento é do delegado da 3ª Delegacia de Polícia de Venda Nova, Thiago Oliveira Souza Pacheco, responsável pelo caso. Ele acrescentou que a instalação oferecia riscos aos banhistas. O policial agora aguarda o retorno do inquérito enviado à Justiça há dois meses, quando foi solicitado aumento do prazo para conclusão das investigações, que podem levar até 90 dias após o retorno dos documentos. Segundo ele, falta ainda ouvir e atualizar depoimentos, além de fazer acareações e novas diligências. Só a partir de todos esses elementos a Polícia Civil poderá concluir o caso.
De acordo com testemunhas, Mariana brincava no toboágua quando escorregou e foi sugada pelo ralo da piscina, que é a entrada do duto. O cabelo da garota ficou preso na tubulação, o que a deixou submersa por vários minutos até a chegada do socorro. Um tio da garota contou que ela foi reanimada por médicos do Samu, depois de uma parada cardíaca de quase 20 minutos, e encaminhada para o Hospital Odilon Behrens, onde permaneceu internada por cerca de 12 horas no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da unidade. No entanto, a criança morreu no fim da madrugada do dia seguinte.
A informação sobre o erro de engenharia em relação ao duto não surpreendeu a família de Mariana. Segundo o pai dela, o empresário Marco Aurélio de Oliveira, a morte da menina jamais teria ocorrido se ela não tivesse sido sugada pelo equipamento. “Ela nadava muito bem e não se afogaria se não tivesse algo que provocasse isso”, garante. Mesmo com a comprovação técnica, Marco Aurélio diz que a família não pensa em processar o clube, pelo menos por enquanto. “O delegado precisa concluir o inquérito e remeter à Justiça. Acreditamos muito na Justiça e o processo está seguindo. O laudo apontou erro de engenharia e agora o clube precisa se explicar. Estamos acompanhando tudo de perto”, disse.
Segundo ele, desde a morte de Mariana a família tenta se reestruturar para superar a dor da perda. “Nossa família é muito unida e religiosa. Estamos juntos e entendendo que só o tempo vai nos ajudar a enfrentar essa nova realidade, a entender que em casa, agora, somos três e não mais quatro”, desabafa o empresário. Ele contou que desde o dia do acidente, nenhum familiar conseguiu voltar ao clube, frequentado por Marco Aurélio e seus irmãos há mais de três décadas. Disse ainda que vai vender a cota, por não ter condição emocional de voltar ao lugar. Sobre a outra filha, uma menina de 13 anos, o empresário disse que a garota está tendo acompanhamento psicológico na tentativa de aceitar a morte da irmã, também muito sentida pela mãe.
Entre a lista de pessoas que devem ainda prestar depoimentos estão diretores do clube e testemunhas do acidente. Os familiares já foram ouvidos, segundo o delegado Thiago Pacheco. Em nota, o Jaraguá Country Club informou tem prestado todos os esclarecimentos e informações solicitados pelas autoridades envolvidas na apuração do acidente. “O clube só se manifestará sobre os fatos após ter acesso à conclusão da apuração oficial da Polícia Civil. A entidade permanece à disposição das autoridades policiais e manifesta, mais uma vez, seu profundo pesar pelo ocorrido”, informou o documento.
Original em: http://www.em.com.br
Clube Jaraguá vai responder por morte de criança, diz polícia
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